Quase um mês após o rompimento da barragem de Brumadinho já foram realizadas quatro reuniões de negociação entre os atingidos e a Vale. Todas terminam em nada, com a empresa não assumindo suas responsabilidades, criando um clima de divisão entre a população e com proposta de apoio emergencial muito abaixo da necessidade das famílias.
Na reunião realizada na última segunda (18), entre o Ministério e Defensoria Públicos Estaduais, a Advocacia Geral do estado, o Movimento dos Atingidos por Barragem e representantes das Comissões de Atingidos de cinco comunidades da Bacia do Paraopeba, a Vale mais uma vez negou acordo.
Foi debatida a contra-proposta à minuta de negociação apresentada pela Vale no fim de semana. Atingidos denunciam que na resposta a empresa não reconhece os territórios abaixo de Salto da Divisa como atingidos, não aceita as assessorias técnicas e propõe um pagamento muito abaixo da necessidade real das famílias.
“Foi muito ruim a proposta da Vale, ela não reconhece que deve ser afastada das vítimas, não aceitando o Comitê como interlocutor. Além disso, não quer garantir o direito de sustentar os atingidos até a reparação definitiva, já que eles não terão como trabalhar”, afirma Joceli Andreoli, do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens). Ele reforça que a empresa usa as doações às famílias para fingir dar resposta para a sociedade e dividir atingidos.
De acordo com o MAB, a Vale inicia em toda a bacia sua atuação para enfraquecer a organização dos atingidos, dividindo-os, colocando a população contra o Ministério Público e o Movimento dos Atingidos por Barragens.
Nesta quarta (20), atingidos de toda a bacia do Paraopeba vão até o Juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Autarquias para cobrar a decisão judicial. (pulsar/mab)