Fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estiveram neste domingo (21) na sede do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), em Macaé, Rio de Janeiro, em dia e horário em que não há expediente e apreenderam exemplares dos jornais Brasil de Fato e Boletim Nascente, alegando que os materiais continham fake news a favor do candidato do PT a presidente da República, Fernando Haddad, e prejudicial ao seu oponente, Jair Bolsonaro (PSL).
Segundo relato do funcionário de plantão, os fiscais tentaram pular a grade externa e ameaçaram atirar contra a fachada do prédio para obrigar a abertura do portão. Após a chegada de um dos diretores da entidade, que permitiu acesso irrestrito ao local, os fiscais fizeram uma batida nas dependências do sindicato e anunciaram a apreensão dos jornais.
Segundo a entidade, ambos os veículos são materiais de trabalho e o boletim é distribuído há mais de 20 anos entre os profissionais da categoria. As edições apreendidas, ainda segundo o sindicato, continham análises dos programas eleitorais dos candidatos à presidência que concorrem no segundo turno.
A diretoria do Sindipetro NF considerou a atitude da justiça eleitoral de Macaé truculenta e arbitrária e divulgou nota de repúdio. “A categoria petroleira sempre foi favorável à mídia independente e alternativa. Não à toa, é item recorrente de debates entre a categoria como deveríamos nos contrapor à mídia tradicional, que bateu na Petrobras por anos, sem se preocupar com a imagem da empresa. Não há nenhuma irregularidade na prática que vem sendo realizada pela entidade, que tem compromisso estatutário com seus representados e com a população das cidades onde atua”, diz o comunicado.
O Brasil de Fato também divulgou nota oficial sobre o ocorrido, que diz que “Essa atitude alcança as raias do absurdo e fortalece a campanha de Jair Bolsonaro (PSL), baseada em notícias falsas e no incentivo a violência. Parte da grande mídia o apoia todos os dias sem qualquer constrangimento. A medida é mais uma prova da partidarização de setores do Poder Judiciário, que querem assegurar um resultado eleitoral de acordo com os interesses da elite e do capital internacional”.
Outro episódio de cerceamento à livre circulação de informações por parte de apoiadores de Bolsonaro foi denunciado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) que, na sexta (19), divulgou em nota que vem recebendo denúncias de que jornalistas da Rede Record – televisão, rádio e portal de notícias R7 – estão sofrendo pressão permanente da direção da emissora para que o noticiário beneficie o candidato do PSL e prejudique Haddad e o PT.
As ofensivas e ameaças ao trabalho de jornalistas tornaram-se mais graves nos últimos dias, especialmente depois que a repórter Patrícia Campos Mello publicou, no jornal Folha de S.Paulo,reportagem investigativa em que denuncia o esquema milionário e criminoso da campanha de Jair Bolsonaro para espalhar em massa fake news prejudiciais a Fernando Haddad e ao PT pelo aplicativo de celular Whatsapp.
A jornalista denuncia que tem sido alvo de ameaças e ofensas pessoais em seus perfis em outras redes sociais, como Twitter. Em repúdio às ofensivas contra Patrícia Campos Mello, organizações e entidades importantes como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Instituto Vladimir Herzog (IVH) condenaram as agressões. (pulsar)
*Com informações da RBA e Brasil de Fato