Constituído por organizações de 12 países da região, foi criado o Movimiento de Afectados por Represas en América Latina (MAR) – em português, Movimento de Atingidos por Barragens na América Latina. A articulação regional vinha sendo discutida desde 2010, a partir de encontros, atividades e formações, e foi lançada durante o Quarto Encontro Internacional de Ciências Sociais e Barragens, na Universidade Federal da Fronteira Sul, em Chapecó, Santa Catarina, realizado no último mês de setembro.
O objetivo da articulação é atuar como uma ferramenta política de luta para construção de um modelo energético popular, tendo como perspectiva a construção de um novo modelo de sociedade. O Brasil é um dos países participantes.
Para Tatiane Paulino, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o MAR resulta em uma ferramenta política relevante em momentos de avanço de forças políticas de direita na região. De acordo com ela, o MAB defende a necessidade de um modelo energético popular, que seja construído a partir das necessidades dos povos, que possa dialogar com o meio popular e com os trabalhadores do setor elétrico, que possa discutir o uso da energia.
Assim como o MAB no Brasil, em outros países existem organizações locais e nacionais onde se organizam as populações atingidas por barragens. Na Colômbia, por exemplo, camponeses, pescadores artesanais, garimpeiros e comunidades negras de diversos departamentos resistem hoje aos inúmeros projetos hidrelétricos que atingem os seus direitos. Segundo Juan Pablo Sores, do Movimeinto em Defensa de los Territorios y Afectado por Represas Rios Vivos, o governo nacional não garante a coexistência das diferentes comunidades e povos que moram no país; apenas dá garantia plena para o desenvolvimento privado e das transnacionais em termos de exploração de energia.
Junto às políticas de despejo, somam-se os assassinatos, as ameaças e o terror. O caso de Berta Cárceres em Honduras e a perseguição a jornalistas, ativistas e defensores de direitos humanos no México e Guatemala não são exceções, mas um mecanismo próprio deste modelo. (pulsar/brasil de fato)