No próximo domingo (20), quando se comemora o Dia da Consciência Negra, o movimento negro convida manifestantes a saírem às ruas de São Paulo contra o governo de Michel Temer, contra o genocídio da população negra e pela manutenção de políticas sociais. O ato, que completará 13 edições, está marcado para as 11 horas da manhã, no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista.
Ex-senador e parceiro de Martin Luther King na luta em favor dos direitos dos negros nos Estados Unidos, o reverendo Jesse Jackson participará da marcha. Os organizadores da manifestação se dizem preocupados com a crescente onda conservadora no Brasil de conteúdo racista, misógino, classista e fascista. Para eles, o momento é de clara ameaça dos direitos conquistados.
Para Douglas Belchior, militante do movimento negro, “O Brasil é um país fundado no racismo. O país é fruto de uma construção racista de nação e de quase 400 anos de escravidão”.
Os negros ganham, em média, 57,4 por cento do rendimento de trabalhadores brancos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2013. São maioria dos cadastrados no programa Bolsa Família, e a taxa de analfabetismo é duas vezes maior entre os negros. Menos de um terço dos candidatos a governador nas eleições de 2014 eram negros.
O número de pessoas negras assassinadas por armas de fogo no Brasil é 2,6 vezes maior que o de pessoas brancas, segundo o Mapa da Violência de 2016. Entre 2003 e 2014, houve queda de 27 por cento na taxa de mortes por armas de fogo entre os brancos, enquanto entre os negros ocorreu aumento de 9,9 por cento.
Junto à Marcha sairá um cortejo de mulheres negras em defesa de pautas específicas, como uma política de comunicação não sexista e que enfrente o racismo, o reconhecimento e preservação dos saberes das populações tradicionais, legalização do aborto e direitos sexuais e reprodutivos, contra a precarização do trabalho e por igualdade salarial. As organizadoras lembraram que a violência e as desigualdades ocasionadas pelo racismo são ainda mais acirradas contra as mulheres negras. (pulsar/rba)