Programas policiais da TV e rádio descumprem as leis e a ética, é o que aponta um estudo da ONG Andi Comunicação e Direitos. Segundo especialistas, o problema acontece porque o Brasil ainda está atrasado na regulamentação dos meios de comunicação.
Em apenas 30 dias, emissoras de TV e rádio cometeram mais de 15 mil e 700 irregularidades, como violações a direitos, infrações às leis e desrespeito ao código de ética. A pesquisa foi feita com 28 programas policialescos em nove estados. Entre as violações, estão as exposições indevidas de pessoas, desrespeito a presunção de inocência e estimulo à violência.
De acordo com os especialistas, atualmente o monitoramento e fiscalização desses programas é falho ou inexistente. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), Lalo Leal, a regulamentação é fundamental e o Brasil está atrasado em mais de 80 anos quando comparado com a Europa ou Estados Unidos. Lalo acredita que é fundamental que uma concessão pública de rádio ou televisão opere sob determinadas regras firmadas pelo Estado, para que não haja o abuso que visto nos dias de hoje. Para o professor, a pesquisa mostra que esses programas incentivam a intolerância.
A advogada Flávia Lafèvre, da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, a Proteste, lembra que as maiores vítimas dessas violações são os pobres e negros, o que, segundo ela, não é coincidência. Ela defende que os negros terem seus direitos mais desrespeitados é injustificável. (pulsar/andi)