Um instituto de pesquisa fundado por empresas automobilísticas do país financiou experimentos científicos para testar os efeitos da inalação de dióxido de nitrogênio – gás presente em emissões de carros a diesel – em humanos, segundo reportagens divulgadas na imprensa alemã neste domingo (28/01).
De acordo com os jornais Süddeutsche Zeitung e Stuttgarter Zeitung, o Grupo Europeu de Pesquisas sobre Meio Ambiente e Saúde no Setor de Transportes (EUGT) – organização fundada por Volkswagen, Daimler e BMW e que foi extinta em meados de 2017 – encomendou a pesquisa.
Os jornais, afirmam que o estudo intitulado “Inalação de curto prazo de dióxido de nitrogênio por pessoas saudáveis” ocorreu durante um período não determinado entre 2012 e 2015, quando o hospital da Universidade de Aachen examinou 25 pessoas que inalaram quantidades variadas da substância durante várias horas. Segundo o conteúdo da pesquisa, ao qual os jornais tiveram acesso, nenhuma reação foi percebida nos indivíduos.
O objetivo e as conclusões do estudo não foram esclarecidos. A revelação dos experimentos com seres humanos surge em meio à discussão sobre a proibição da circulação de veículos a diesel nos centros urbanos. O debate foi motivado por um escândalo em 2015, quando foi descoberto que a Volkswagen manipulou os dados de emissões de seus automóveis em diversos países para que fossem aprovados em testes de agências reguladoras.
O escândalo manchou a imagem da Volkswagen, com a revelação de que a empresa teria burlado testes de emissão em 11 milhões de veículos mundo afora. A empresa se tornou alvo de investigações na Alemanha e de um processo nos Estados Unidos que lhe rendeu multas no total de 4,3 bilhões de dólares.
Os níveis de dióxido de nitrogênio foram manipulados pela Volkswagen nos EUA durante anos. Segundo a Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha, o composto químico irrita as mucosas nos órgãos respiratórios e seus possíveis efeitos para a saúde humana são tosse, dificuldade para respirar e olhos irritados. (pulsar/dw)