Em trabalho inédito, o Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) e o Alô Senado, realizou uma pesquisa em Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) de todo o Brasil. Foram entrevistados 625 profissionais de 357 DEAMs brasileiras, resultando em um panorama das equipes, treinamento e dificuldades no cotidiano de trabalho nessas delegacias especializadas, que são uma das principais portas de socorro às mulheres em situação de violência.
Embora 57 por cento das pessoas entrevistadas tenham declarado que a violência contra as mulheres “não pode ser justificada”, 28 por cento consideraram que a violência “pode ser justificada tanto pelo comportamento do homem quanto pelo comportamento da mulher”, e 13 por cento afirmaram que “pode ser justificada somente pelo comportamento do homem”. Vale registrar também que a opção que culpabiliza parcialmente as mulheres chegou a 39 por cento entre os policiais com mais de 20 anos de experiência no atendimento às mulheres em situação de violência.
Falta de pessoal foi a principal dificuldade apontada por 66 por cento dos entrevistados. Essa percepção é ainda mais forte entre delegadas e delegados (78 por cento). Na região Norte, a falta de equipamentos para o trabalho foi apontada por mais de um quarto dos policiais entrevistados. Da amostra, 57 por cento afirmaram que o número de delegacias é insuficiente para atender a demanda da população local. Este número chega a 86 por cento na região Norte e a 63 por cento na região Sul.
Oitenta e seis por cento dos policiais apontaram que ainda ocorrem desistências no registro de ocorrência. No entanto, a frequência com que as vítimas desistem de registrar a ocorrência é baixa: segundo 94 por cento das pessoas entrevistadas, as desistências acontecem somente às vezes ou raramente. Sobre as causas que levam à desistência da denúncia, a dependência financeira (37 por cento) e o medo do agressor (24 por cento) alcançaram os percentuais mais expressivos. (pulsar)
*Com informações do Instituto DataSenado