A importância do visual
A melhor maneira de introduzir o trabalho do leitor é pelo título. Com ele anuncia-se a matéria, vende-se a notícia. Dividir a matéria em entretítulos, facilita a ordenação de idéias e prende a atenção do leitor. Tais entretítulos devem ser elaborados com uma só palavra, de preferência de 15 em 15 linhas. O objetivo é dinamizar o texto, melhorando o visual e quebrando a monotonia dos textos mais longos.
Para dar destaque às palavras, convém sublinhá-las. Elas entrarão no texto compostas em negrito. Não se deve abusar desse expediente, pois todo excesso é prejudicial.
As declarações dos entrevistados aparecem entre aspas (“...”), quando a frase não ultrapassa quatro linhas. Em caso contrário, o melhor é abrir parágrafo precedido de travessão (-). A idéia central da matéria, por sua vez, deve vir num parágrafo maior (em média 15 linhas) para surpreender o leitor.
Como redigir bem o jornal
Para facilitar o trabalho da redação jornalística, algumas sugestões tornam-se bastante úteis:
a) O texto deve conter os elementos fundamentais da notícia: Quem? Quando? E Por quê?
b) As regras gramaticais devem ser obedecidas, acima de tudo. Convém evitar gíria.
c) A linguagem coloquial é a de mais fácil leitura e atinge um público maior. Por isso o texto jornalístico deve ser simples, natural e espontâneo, com se fosse um bate-papo.
d) As frases seguem a ordem direta.
e) As palavras e expressões devem ser simplificadas, assim como os tempos dos verbos.
f) Rimas e palavras com a mesma terminação deve ser evitadas.
g) Cacófagos nunca são bem-vindos! (Ex.: na boca dela).
h) O texto deve ter ritmo: frases curtas (assim como as palavras) e pontuação correta ajudam bastante.
i) Precisão e concisão são duas qualidades fundamentais. É bom empregar palavras exatas e não palavras em excesso. Não convém abusar de adjetivos.
j) Texto objetivo é texto coerente, que não mistura idéias ou informações. A objetividade e a unidade de pensamento produzem texto com início, meio e fim.
m) A revisão do texto deve ser feita em voz alta que se percebam palavras e frases que não soam bem.
CAPÍTULO V
O processo de edição
“Os opostos são idênticos em natureza, mas deferentes em grau. Os extremos não se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados”.
Hermes
Para ser editado, um texto precisa ter no mínimo de conteúdo – inofrmações novas, pesquisa, fatos. A partir daí, é necessário que se tenha disposição para trabalhar e tornar a matéria interessante e bem escrita.
Muitas vezes, é necessário editar textos de colaboradores fracos, mas que têm acesso a determinada fonte. De repórteres que sabem apurar, mas que não possuem um bom texto final. De depoimentos preciosos, mas confusos e dispersos. Convém, então, limpar, polir e emoldurar as informações para que a qualidade especificada da matéria possa brilhar através das construções malfeitas.
Ao editar um texto
Ao editar um texto, o bom editor deve levar em consideração algumas regras básicas:
a) ler a matéria com cuidado, mais de uma vez, para perceber o que ela tem de bom;
c) destacar as informações da matéria - dados técnicos, informações dos especialistas, conclusões do autor, sugestões do problema – e dos depoimentos;
d) definir, antes de escrever, o que vai ser aproveitado, o que vai ser modificado. Trabalhar o conteúdo, antes de trabalhar a forma.
e) transmitir informações com suas palavras, quando se trata de tradução. Traduções são feitas por tradutores. Os editores devem recriar o texto, usando a tradução como base.
Respeitar o estilo do autor
A uniformização dos textos não interessa ao bom editor de jornal. No caso de um bom texto, apenas deve-se adequá-lo às necessidades de edição, sem perder o sabor do original.
Escrever com clareza
Parece fácil, mas não é. Escrever de maneira clara é difícil e dá muito trabalho. Exige que as informações sejam selecionadas, agrupadas , ordenadas, analisadas , elaboradas e comunicadas claramente.
Antes de se definir o que se quer dizer com a matéria (como um todo) e com cada parágrafo em particular, não se deve começar a escrever. Dificilmente, produz-se um texto claro dessa maneira. Escrever de maneira clara requer:
a) as informações, fatos, reflexões, pontos de vista e conclusões, que ajudam o leitor a entender o assunto em questão, devem ser definidas de imediato pelo autor;
b) convém que as informações sejam agrupadas .
Quando abordar um aspecto do tema em questão, o autor deve esgotar o assunto. Não se deve voltar a dar informações sobre determinado aspecto em outro lugar da matéria
Fazer um roteiro
Antes de escrever, o autor deve preparar um roteiro do que se pretende passar para o leito. Tal irá ajuda-lo bastante na elaboração do texto. Para isso, ele deve:
a) preparar a abertura – o enfoque a ser dado à abertura deve ser escolhido e escrito com muito cuidado. É a partir dessa decisão que o leitor vai se sentir atraído – ou não – para a leitura da matéria. A história, o fato ou a informação contidos na abertura devem representar de maneira forte e clara o que se quer dizer com a matéria. As frases devem ser, de preferência, curtas e contundentes.
b) situar a questão - Convém dar todas as informações atuais sobre o tema – o que está acontecendo, como é o comportamento hoje, como era antigamente, os números existentes, os dados de pesquisa, os acontecimentos recentes ligados ao assunto, as notícias na imprensa.
c) discutir a questão – Quem acha o quê – quem é contra; quem é favor; as diferentes correntes de pensamento, de opinião, de estudos e de pesquisa.
d) apresentar saídas - Caminhos, sugestões e soluções, no decorrer da matéria ou como itens isolados – mas sempre que possível.
e) identificar as pessoas – As pessoas devem ser identificadas assim que seus nomes aparecem pela primeira vez. A identificação tem que ser completa, para que não se apresentem novos dados de identificação mais adiante na matéria. Ex.: diz o doutor Carlos Alberto Gonçalves, diretor do Serviço de Pediatria do Hospital Pedro Ernesto, com experiência de dez anos de tratamento de poliomielite.
Escrever de maneira objetiva
a) não sair do tema – O tema específico a que a matéria se propõe deve ser seguido à risca. Em outras palavras: o ponto de vista e o foco da questão precisam ficar sempre claros e vivos na mente do leitor. O tema, provavelmente, estará relacionados com o título e tudo na matéria – as histórias, o ponto de vista do autor, as informações de técnicos e de autoridades.
b) Valorizar o que é bom – Convém deixar de lado o que não serve. Muitas vezes é preciso encarar o texto de um jornalista pouco experiente ou de um outro que é famoso, mas não se fez o que se pediu. É fundamental saber distinguir o que interessa ao leitor, ter enorme respeito pelo que é bom e coragem para descartar o que não é.
c) Ter coragem de cortar – A frase pode ser lida e brilhante, mas se não estiver funcionando, mas se não estiver funcionando como uma informação ou esclarecendo o assunto em questão, é bom usar caneta com rigor!
d) Não deixar o leitor em suspense – Nunca se pode deixar de responder de imediato uma pergunta, levantando um assunto entre ela e a resposta.
i) Evitar usar etc e assim por diante.
Escrever de maneira direta
Para se escrever de maneira direta, o autor deve:
a) Dar preferência à afirmação direta em vez de dar voltas. Por isso é bom ser simples e dizer tudo diretamente. É mais forte e autêntico.
b) Fugir dos advérbios e locuções adverbiais, que podem simplesmente ser eliminados, como: entretanto, incidentalmente, no entanto, por exemplo.
c) Escrever com impacto. Todas as matérias devem possuir alguma coisa nova, um fato, uma análise, uma visão, uma constatação, uma descoberta. Essa novidade tem que ser evidenciada na edição – no título, no olho, na abertura, na estrutura da matéria. Não pode ficar perdida.
d) Evitar detalhes da biografia de pessoa desconhecida. Nas matérias sobre a carreira profissional ou o comportamento, convém incluir o mínimo de fatos sobre o tempo de escola e problemas de infância da pessoa e concentrar-se na situação de vida que a levou a ser notícia. Mesmo no caso de celebridades, fatos antigos interessam menos que fatos recentes. A notícia vive da novidade. Quando tiver de cortas textos, dê prioridades às partes históricas.
e) Não desperdiçar espaço. Não se deve dizer em duas laudas o que se pode dizer em uma. Não se deve escrever em dois parágrafos o que pode ser escrito em apenas um. A imprensa de hoje vive da objetividade.
i) Escrever com intimidade. Convém dirigir-se sempre ao leitor. O texto deve falar com a pessoa que está lendo a matéria.
f) Tentar fazer as pessoas falarem informalmente, nas citações. A linguagem deve ser a que as pessoas usam quando conversam e não quando escrevem.
g) Escrever com respeito. Não confundir clareza com linguagem infantil. Escrever claro é transmitir claramente o que se quer dizer. Isto nada tem a ver com baixar o nível de informação para chegar mais perto do nível do leitor. O autor não deve colocar-se na posição de mais inteligente que os seus leitores. Certamente, entre eles encontram-se pessoas com nível de informação e cultura maior que o dele. Portanto, o nível de informação deve ser o mais alto possível. Por outro lado, a forma de transmitir tudo isso deve ser a mais simples e direta.
h) Escrever com elegância. Não usar a mesma palavra muitas vezes em uma frase ou parágrafo. Isto vale para pronomes, conjunções e artigos também. Não convém empregar gíria.
O mais importante é sempre ter em mente que o jornalismo requer demais do ser humano., em todos os sentidos. Não se pode ser jornalista por apenas 7 horas diárias. Ser jornalista é estar permanentemente em estado de alerta, participar ativamente de sua época. É, acima de tudo saber ouvir e narrar o que viu, dominar o idioma, ter conhecimentos técnicos, sensibilidade e segurança para decifrar e avaliar o material a ser publicado.
Manual de Redação para um Jornal Laboratorial
“A guerra que fazemos é uma guerra de gênero humano e contra seus opressores”.
Brisot – O Patriota Francês
Apresentação do texto
A lauda do padrão do JORNAL LABORATORIAL contém 30 linhas com uma largura de 72 batidas.
Todas as laudas devem ser numeradas
Deve-se iniciar o parágrafo de dez batidas à direita da margem esquerda.
JORNAL LABORATORIAL sempre em caixa alta (letras maiúsculas) e negrito.
Redação
exatidão, na informação e vocabulário;
clareza, preferência por palavras simples, de uso corrente; evitar orações rebuscadas ou ambíguas, sem cair no estilo telegráfico, procurar apresentar apenas uma idéia ou ação por frase; concisão, acabando.
Técnica redacional
Clareza – visão clara dos fatos e exposição fácil. Palavras comuns, familiares.
Concisão – empregar apenas as palavras indispensáveis, precisas e exatas, cheias de sentido. Cada frase deve acrescentar novas informações, novos fatos.
Objetividade – relato fiel dos fatos.
Recomendações
Entrevista, transcrição e citação
Título
O título e os entretítulos devem ser citações extraídas do texto ou, quando possível, palavras que resumam o seu conteúdo.
É proibido em títulos o uso de palavras que tornem vaga a informação, como alguns, vários, muitos, pouco, bastante.
Evitar: um, uma, o, a. Em geral, evitar todas as palavras de significado e impreciso.
Declarações só podem constar de títulos se a fonte estiver indicada neles ou em antetítulo.
O título deve sair do primeiro parágrafo, mas nunca repetindo exatamente as suas palavras.
Evitar no título abreviaturas, siglas ou nomes pouco conhecidos. No caso de pessoas, use o que mais ajudar o leitor – nome, cargo ou função.
Nunca começar títulos (ou qualquer frase) com algarismos.
Usar o menos possível sinais de pontuação no título.
Nunca usar trocadilhos, rimas ou qualquer outro jogo de palavras nostítulos.
Legenda
As legendas completam as informações visuais da foto. É errado faze-las com informações que, embora relacionadas com o tema e constantes da matéria, tenham ligações apenas indireta com o que se vê na foto.
Sempre que a foto mostrar uma ação, a legenda deve ter um verbo no presente.
Texto-legenda: sempre que possível, começar pela legenda e depois apresentar as demais informações. Nos casos em que for indispensável começar por outros fatos, de qualquer forma fazer referência expressa e direta à foto.
Com exceção de transeuntes, garçons, curiosos e outros intrometidos, todos os personagens da foto devem ser indicados nas legendas. E, de preferência, da esquerda para a direita. Use à direita e não direita. D ou dir. A indicação dos protagonistas é indispensável.
Fotografias
Principais convenções
Não usar para artigos, parágrafos de leis, senhor e doutor. Cargos e funções importantes levam maiúsculas quando desacompanhadas do nome do ocupante. Assim:
O Ministro da Fazenda informou...
O ministro Pedro Malan
- As horas são representadas assim 15h17. Em tabelas esportivas: 15h17m30s. Mas não quando tratar de duração: a reunião durou duas horas e quinze minutos e não 2h15.
- Números redondos acima de mil são designados assim: 150 mil e não 150.000; 1,3 milhão e não 1. 300.000, nem 1,300 mil.
- Deve-se procurar abandonar números elevados. Sempre que não houver fração de real, dispensar a vírgula e os dois zeros. Ex.: R$ 70 e não R$ 70,00.
- Só se abreviam pesos e medidas muito conhecidos: quilo (k), metro (m), quilômetro (km), tonelada (t)...
- Por extenso os demais: milha,acre, hectare e libra.
- Primeiro, segundo, terceiro, sempre por extenso até o décimo, inclusive nas formas compostas: segundo-tenente, terceiro-secretário, quarta-feira.
- Exceção: 1º ano, 1ª série.
- Em algarismos romanos as numerações de: exércitos, assembléias, congressos e conferências.
- Não se abrevia a primeira palavra de nomes compostos. Porto Alegre e não P. Alegre; América Latina e não A. Latina.
- A abreviatura de televisão é TV e não Tv ou tevê.
Siglas mais usadas
AA – Alcólicos Anônimos
Abav – Associação Brasileira das Agências de Viagens
ABI – Associação Brasileira de Imprensa
ABL – Associação Brasileira de Letras
Abras – Associação Brasileira de Supermercados
ACRJ – Associação Comércio do Rio de Janeiro
AI – Anistia Internacional
Alerj – Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
AMB – Associação Médica Brasileira
Associação Mundial de Boxe
Andes – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
ANJ – Associação Nacional de Jornais
Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
Aids – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
Abia – Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos
Associação brasileira interdisciplinar de Aids
BB – Banco do Brasil
BC – Banco Central
BID – Banco interamericano de Desenvolvimento
Bird – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial)
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Bovespa – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo
BVRJ – Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
CBF- Confederação Brasileira de Futebol
CBTU – Companhia Brasileira de Trens Urbanos
CGT – Central Geral dos Trabalhadores
CIA – Agência central de inteligência dos Estados Unidos
CMB – Conselho Mundial de Boxe
CMN - Conselho Monetário Nacional