Um passeio pela história
“O homem não é soma do que ele tem, mas a totalidade do que ainda não tem e do que poderia ter”.
Há muito tempo, e talvez desde o início da cultura, a tarefa de guardar e produzir conhecimento vem-se especializando. Cada um de nós conceitua as coisas por comparação e contraste, do ângulo da utilidade, da função. Para comunicar esses conceitos, aplicamos princípios lógicos, como os que encadeiam os sons da linguagem falada, formando locuções, discursos. Foi a partir da língua que se inventou a lógica.
Com a escrita, mesmo em sua forma mais rudimentar, o homem venceu o tempo e o espaço. Ela permitiu a fixação do conhecimento, mantendo-o disponível ao longo do tempo e, simultaneamente, admitiu sua disseminação pelo transporte, facilitando a comunicação ‘a distância.
Nos primórdios da comunicação os romanos estiveram bem próximos do jornal. Tão próximos que talvez lhe mereçam a paternidade. Longa foi a evolução que os levou até lá.
O presidente do colégio pontífices romanos, em função de seu trabalho, redigia documentos de caráter político, uns secretos – os Commentarii Pontificii - outros populares – os Annales Maximi. A publicação dos documentos populares se fazia pela redação do texto em uma tábua branca denominada album, afixada anualmente diante da casa do pontifex maximus, seu redator. Não se sabe em que data teve início a publicação do annales, que constituíram uma interessante experiência de mural informativo.
Julio Cesar, retomando a experiência e utilizando o mesmo processo, determinou a publicação de dois periódicos murais: a Acta Senatus, resumo dos debates e deliberações do Senado romano, a Acta Diurna Populi Romani, composta diariamente para levar ordens e informações oficiais ao conhecimento do povo. A Acta Senatus foi extinta por Augusto, mas a Diurna persistiu por séculos, somente desaparecendo, segundo se supõe, com a transferência da capital do Império para Bizânico. Embora redigida por um magistrado e destinada oficialmente a comunicações do governo, o conteúdo da Acta Diurna foi-se transformando ao longo do tempo.
Seja como for, no muro ou em cópias, essa publicação demonstrou possuir variedade de matéria, além da periodicidade e atualidade. Foi um verdadeiro jornal, só que mural.
É verdade que a Acta Diurna, em termos de penetração, foi prejudicada por sua fixidez. Daí porque os romanos, para a troca de novidades, nunca dispensaram is circuli, peito dos mais variados assuntos. No entanto, por cópias transladadas em cartas, o noticiário das actas circulava por todo império.
1>Idade MédiaDurante a Idade Média, especialmente em sua primeira fase, a indormação escrita sofreu um retrocesso na Europa. Inúmeros fatores sociais e econômicos, bastante conhecidos e que exorbitam os limites do estudo do jornalismo, conduziram os europeus a um período de isolamento, que foi, ao mesmo tempo, efeito e causa da pulverização do poder político, tendo como conseqüência a queda do Império Romano.
O desaparecimento do papiro, o elevado preço do escasso pergaminho, a inexistência de papel – ainda confinado aos mundos chinês e árabe -, o analfabetismo reinante – pouco ou ainda se fazia em termos de literatura e de instrução -, tudo isso, ajudado por outras circunstâncias históricas, haveria de debilitar o fluxo de informações.
Nessa época, as informações disponíveis para a população vinham embutidas em decretos, proclamações, exortações e nos sermões das igrejas. Evidentemente, formavam-se circuitos paralelos de boatos e testemunhos. Contos de feitos notáveis, de eventos picarescos, crônicas da vida cotidiana e retalhos da literatura clássica levam décadas para cruzar a Europa em cantigas e fábulas dos trovadores.
Reduzido o processo da comunicação à quase exclusividade da informação verbal, avultaram em importância os jograis, cantadores de versos trovadorescos, assim como outros artistas interantes. Peregrinando de castelo em castelo, tornaram-se os liames eventuais de uma geografia dividida. Os versos, que iam sendo transmitidos de um local para o outro, consubstanciavam um repositório continuamente renovado de informações de diversificados matizes. Nas trovas, noticiavam-se eventos políticos e sociais de toda ordem e, até mesmo, curiosidade e mexericos.
Isso começou a mudar a partir do século XIII, como resultado da expansão da atividade comercial, iniciada nos século XI. A primeira grande via de comércio, unindo o Oriente à Europa, passava pela intermediação dos navios árabes que cortavam o mediterrâneo e despejavam mercadorias na encosta oriental da Itália.
Com as mercadorias, chegaram técnicas e informações. Tempo de Marco Pólo, veneziano que escreveu coisas incríveis sobre o Oriente. A acumulação de capital logo teve conseqüência: a organização mais ampla e atuante da atividade artesanal e alfabetização. Os avvisi (comunicados) já podiam ser pregados nos muros em cópias manuscritas: dispensava-se o letrado atrás teria que lê-los em voz alta. E mais importante, não provinham do duque nem do bispo: quem os mandavam escrever eram banqueiros e comerciantes.
Este ciclo comercial promissor decaiu com o corte das vias de comércio com o Oriente, e, meados do século XV. Restava outro cominho entre a Europa e a Ásia, pelo norte, a partir dos burgos da Alemanha. Ali, em Mogúncia, Gutemberg imprimiu a Bíblia, em 1452.
1>RelaçõesO jornal impresso dói fruto da soma de duas experiências: a da impressão tipográfica, de um lado, e a do jornalismo, até então manuscrito, de outro. Essa junção de experiências, entretanto, não se fez de repente. Foi resultado de um demorado processo.
Enquanto os correios e as cartas estiveram engendrando as gazetas manuscritas dos séculos XV e XVI, a tipografia exercitou-se na impressão de livros. Durante os 150 anos iniciais da tipografia, nenhum jornal saiu dos prelos. Jornal, nesse período, era coisa ´para se fazer a mão.
No entanto, ao longo desse século e meio, os tipógrafos não imprimiram só livros. Compuseram e deram ao mundo outras publicações, conhecidas como relações.
A relação era a descrição, impressa tipograficamente, de um fato excepcional. Quando ocorria um terremoto ou a morte de um rei, ou o estouro de uma guerra, ou a celebração da paz, enfim algum acontecimento invulgar, alguém redigia uma notícia relatando o acontecimento e o tipógrafo a imprimia, a fim de vender as cópias. A relação não era um jornal, pois, embora tivesse atualidade, faltavam-lhe a periodicidade e a variedade de matéria. Em suma, a relação era uma notícia atual , mas avulsa.
Para torna-las sugestivas, diversificaram-se os assuntos, colocando-se várias notícias em cada publicação. Com as vendas aumentavam, passaram a edita-las com freqüência que acabaram por transforma-las em publicações periódicas. O tipógrafos, sem saber, começara a produzir o jornal. Não tinha ele consciência de ter criado essa novidade fascinante, que hoje chamamos jornal impresso. Continuou por isso a denomina-las simplesmente relações. Para ele não passavam de relações, só que periódicas e variadas.
Quando isso aconteceu (no fim do século XVI e início do século XVII), as gazetas manuscritas não desapareceram. Pelo contrário, conviveram com o jornal impresso até o século XVII. Tinham sobre ele a vantagem da liberdade, pois a tipografia viveu, até a revolução Francesa pelo menos, submetida em toda parte a um regime legal baseado na censura.
As gazetas manuscritas, embora nem sempre consentidas, escapavam aos rigores da lei com maior facilidade por serem feitas a mão. Um vidro de tinta e uma pena ocultavam-se mais cômoda a rapidamente do que uma tipografia. Por isso, abordavam certos temas vedados aos jornais impressos, principalmente assuntos internos dos países onde circulavam. Era a imprensa alternativa da época.
1>Os primeiros jornaisO primeiro jornal circulou em Anttuérpia, Bélgica (1605), chamava-se Nieuwe Tijdinghen. O segundo em Bremen, (1609). O terceiro, em Estrasburgo, no mesmo ano. O quarto, em Colônia, no ano seguinte. Todos na Alemanh. Dez anos depois, já havia jornais em quase toda a Europa. A imprensa londrina começou em 1621, com a Current of General News. Paris esperou mais dez anos para ter sua Gazette.
Nos primeiros jornais, a notícia aparece como fator de acumulação de capital mercantil. Assim, uma região em seca, sob catástrofe, indica que certa produção não entrará no mercado e uma área extra de consumo será aberta, na reconstrução. No mesmo raciocínio, a guerra significa que reis precisarão de armas e dinheiro; uma expedição a continentes remotos pode representar a possibilidade de mais pilhagens, de descobertas de novos produtos ou de terras próprias para a expansão de culturas lucrativas, como a cana-de-açúcar e o algodão.
Por outro lado, a burguesia tinha de lutar em outras frentes e logo usou os jornais na sua arrancada final sobre os palácios. A igreja e o Estado tentaram conter os impressos com o índex e a censura; mais tarde, os aristocratas lançavam seus próprios periódicos, sempre menos interessantes, porque, na guerra de opinião, não tinham muito o que dizer. Foram anos e anos de intensa luta política, em que a informação aparecia como tema da análise dos publicistas, da denúncia dos panfetários, do puxa-saquismo dos escritores cortesões.
O investimento para imprimir um jornal era pequeno, a redação se limitava a duas ou três pessoas, os leitores pagavam o preço do papel, da tinta e costumavam até prover o capital inicial, com a contratação de assinaturas. Do ponto de vista econômico, qualquer um podia lançar a sua folha, desde que tivesse algumas centenas de amigos. Nessas circunstâncias, os censores tinham o apoio de muita gente influente, mesmo entre os burgueses, cujo ideário, por motivos políticos, incluía a liberdade de imprensa.
E foi assim que mesmo na Inglaterra pós-Cromwell ou na França pós-napoelônica, publicistas e planfetários viveram sob o jugo de tribunais e de sistemas sutis de controle: cartas de monopólio, imposto do selo, taxação do papel, da publicidade. Embriagada com o poder, a nova classe dominante impunha brutal espoliação aos trabalhadores: jornadas de até 18 horas por dia sem descanso, para homens, mulheres e crianças, por salários que não davam para pagar um pão. Um escândalo que comovia homens dignos, pensadores racionalistas, aristocratas remanescentes sempre dispostos a lembrar que a volta ao antigo regime poderia conter os abusos. Floresciam as idéias socialistas, que ganhariam rigor científico na obra de Karl Marx, ele próprio jornalista da Gazeta Renana (Alemanha) e, depois, exilado em Londres, correspondente de jornais americanos.
O próprio impulso da Revolução Industrial terminou, porém, derrubando a censura, na maior parte da Europa Ocidental, na última metade do século XIX. Três fatores contribuíram para isso.
a) o número de trabalhadores que aprendiam a ler – gente dos escritórios, operadores de máquinas, mestres de ofícios cada vez mais sofisticados – crescia sem parar, o que fez surgir um efetivo mercado de massa para os jornais.
b) as máquinas e a organização da produção próprios do capitalismo industrial chegavam aos jornais. A mecanização começou com a impressora de Koenig, em 1814, passou pela rotatividade de Marinoni, em 1867, e atingiu o auge com a composição das linhas de chumbo na linotipo de Mergenthaler, em 1886. Com isso, o empreendimento jornalístico tornava-se empresarial: baixavam-se os custos por exemplar armavam-se redes imensas de coleta de informações. O jornalista independente de outrora, que pretendesse tirar sua folha com tipos de móveis e prensa manual, jogaria nas ruas números insignificantes de exemplares, caríssimos, com o conteúdo superado pelos fatos;
c) a publicidade passava a custear a maior parte dos gastos editoriais. O público deveria ser informado da oferta de bens de consumo, convencido a consumir e, depois, induzido à compra por todo arsenal de instrumentos de intervenção psicológica que se pudesse utilizar. Obviamente essa promoção do consumo não se desprendia dos interesses gerais do sistema econômico.
O jornal-empresa pôde, assim, alcançar vasta gama de opiniões, mas seu caráter não-revolucionário esteve assegurado por dois motivos: remuneração do capital apreciável nele investido, e renda basicamente da veiculação de bens materiais e ideológicos produzidos por entidades de característica semelhante.
Cabe lembrar que o primeiro jornal diário produzido no mundo foi o Daily Courant, editado na Inglaterra para Elizabeth Mallet, a partir de 1702. Esra modesto, pois cada exemplar era feito em uma só folha.
1>O jornalismo no BrasilDesde de sua descoberta até 1808 o Brasil não teve nem prelos nem tipos, exceção feita a duas tentativas de implantação tipográfica, ocorridas no século XVIII, ambas proibidas pela Corte.
A primeira tentativa ocorreu em Recife. Da oficina ali instalada nada se sabe, nem o nome do tipógrafo, tampouco o que teria editado. A única menção dela restante está contida na Carta Rágia de 8 de junho de 1706, por meio da qual o governo português mandou fechá-la.
A segunda tentativa foi creditada a Antonio Isidoro da Fonseca. Em 1746, talvez fugindo de credores, esse impressor português atravessou o Atlântico e veio instalar-se no Rio de Janeiro. Imprimiu apenas quatro folhetos, até o dia 10 de maio de 1747, quando uma Ordem Régia, vinda de Lisboa, determinou o confisco de seus tipos. Três anos depois, Isidoro tentou reinstalar-se no Brasil, requerendo licença ao Rei. A autorização foi negada. Na realidade, mais do que tipógrafo, essa licença foi negada ao Brasil. Afinal a política colonial portuguesa esta destinar à Colônia a função de apenas fornecer matérias-primas à Metrópole, recebendo manufaturados em troca.
Não interessava que governo português que o Brasil tivesse tipografia, pelo mesmo motivo que não lhe convinha que a Colônia tivesse qualquer tipo de indústria. Além do mais, o indígena brasileiro não chegava sequer a conhecer a escrita. Como atingi-lo com a letra de forma? O próprio colono, aliás, vivia em tamanha indigência de instrução que, até mesmo para ele, o livro seria um luxo aparentemente dispensável.
Em 1808, essa situação se transformou. Fugindo à invasão francesa, a corte portuguesa mudou-se para o Brasil. Elevado a Reino Unido, o Brasil recebeu os benefícios de inúmeras reformas. Dentre as novidades, uma foi a imprensa.
D. João VI insistiu, por Decreto de 13 de maio de 1808, a Impressão Régia no País. Dessa oficina tipográfica oficial, surgiu o primeiro jornal impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro. O primeiro número saiu no dia 10 de setembro de 1808 e teve como redator Frei Tibúrcio José da Rocha.
Muitos historiadores preferem fincar o marco oficial de nosso jornalismo no Correio Braziliense ou Armazém Literário , cujo primeiro número é de julho de 1808. Embora redigido em português, o jornal era impresso em Londres, onde vivia exilado, seu idealizador, Hipólito da Costa.
O primeiro jornal informativo do Brasil foi o Diário do Rio de Janeiro, em 1821, e as primeiras folhas essencialmente políticas foram o Reverbero Constitucional Fluminense e o Correio do Rio de Janeiro. Após a independência, a imprensa brasileira teve graves problemas com a censura. Desafiando as restrições, ainda circulavam jornais violentos, entre os quais o Typhis Pernambucano, de Frei Caneca. Em 1827, foi fundado o Jornal do Commércio, em circulação até hoje. Em 1831, o Brasil atingiu um bom estágio no jornalismo, com 54 periódicos circulando em todo o País. Muitos outros jornais vão surgindo e dão força à causa abolicionista, através de seus colaboradores, como Quintino Bocaiúva, José do Patrocínio e Joaquim Serra.
Durante a República Velha, nos governos de Deodoro e Floriano, em repressão à imprensa foram fechados vários jornais em todo o País. O Jornal do Brasil, fundado em 1891 por Rodolfo Dantas, foi um deles e seu fechamento durou um ano.
Com a industrialização da imprensa no início do século XX, o volume de publicidade aumentou e o noticiário diversificou bastante: Em 1907, a Gazeta de Notícias imprimiu o primeiro clichê em cores. Em 1919, nasceu O Jornal, o órgão líder dos Diários Associados, que iniciou o processo da primeira grande cadeia de jornais brasileiros. O Globo surgiu em 1925.
Durante o Estado Novo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado em 1939, passou a sujeitar a imprensa à rigorosa censura. Com isso, suspendeu 61 publicações, colocando inclusive O Estado de São Paulo sob intervenção por cinco anos.
Em 1966, foi criado o Jornal da Tarde (vespertino do Estadão), que introduziu significativas inovações gráficas no Jornalismo. Três anos depois, surgiu o Pasquim, o marco da imprensa alternativa e dos semanários tipo tablóide. Em 1984, a Folha de São Paulo foi o primeiro jornal brasileiro a entrar no processo de informatização das redações.
Sendo assim, a imprensa nasceu envolvida com dois grandes obstáculos a seu desenvolvimento. Esses obstáculos foram sempre de duas naturezas: aqueles que estavam ligados à ação das autoridades, a censura; e aqueles ligados às condições do meio social e político. No entanto, a imprensa surge quando a época e o lugar necessitam dela. Por muitas vezes, esses obstáculos se cruzam, caminham juntos ou são derrubados quando as condições do meio social assim o exigem. Sua linguagem, sempre adequada á época e a seus tipos de leitores, foi-se modificado bastante nos últimos anos. Ou melhor, foi-se popularizando. Hoje, para atingir a um maior número de leitores, os jornais, em geral, adotam linguagem simples e prática.
Jornalismo, linguagem da simplicidade
“Uma raiz é uma flor que despreza a fama”
Gibran Kahlil Gibran
O que caracteriza a linguagem jornalística é a sua atualidade. Sua linguagem é o momento. O texto jornalístico deve conquistar o leitor através da clareza, concisão e objetividade. Sua leitura não deve oferecer dificuldade e seu vocabulário deve estar incluído num repertório mais menos comum.
Todos os assuntos podem ser matéria jornalística, desde o pequeno acontecimento da cidade (uma batida de carros, por exemplo) até a notícia de um conflito internacional dos shows musicais às competições esportivas. O jornal pensa e repensa o próprio mundo atual.
1>JornalAtualmente, o jornal pode ter duas definições. Uma diz respeito à publicidade periódica (etimologicamente, diária), que divulga notícias de interesse geral, políticas, literárias e outras, com ou sem comentário. Outra se refere qualquer noticiário, seja ele impresso, radiofônico ou televisivo.
O jornal impresso é o veículo noticioso e periódico de tiragem regular, constituído de folhas soltas (não grampeadas nem coladas) dobradas em um ou mais cadernos. Seu objetivo é levar informação aos leitores. Seu texto pode conter matérias sobre assuntos gerais ou especializados. Os jornais diários (matutinos ou vespertinos) divulgam notícias de caráter geral, distribuídas por várias seções, em âmbito local, nacional ou internacional.
Os jornais semanários, quinzenários ou mensários são normalmente mais interpretativos. Dedicam-se, quase sempre a um assunto determinado (segmentação de mercado) ou a diferentes gêneros de jornalismo (humor, ensaios, textos literários...).
Portanto um jornal é o somatório de vários temas em suas páginas, formando um bloco de informações. Geralmente começa com as notícias do país, segue a página internacional, contendo um apanhado das agências internacionais como AP, France Presse, ANSA, Reuters, entre outras, acompanhadas ou não de telefotos.
A página política explora as declarações dos lídres ou blocoss políticos do geverno ou oposição, chamando atenção para os problemas da cidade, do país ou do mundo, relativos ao poder central, estadual ou municipal.
A página da cidade (editoria local) reflete tudo o que se faz em relação a obras públicas e serviços correlatos, como: água, esgoto, saúde, ecologia, vias de acesso, trânsito, festas folclóricas ou outro serviço indicado pelo poder executivo. A parte da polícia cobre os fatos das delegacias, os crimes, assaltos e a conseqüente repressão. Insiste sobre a melhoria das prisões e do sistema penitenciário, apontando erros e omissões, ao mesmo tempo que indica soluções mais humanas.
A página econômica aborda os temas de mercado – ou marketing – os produtos maiôs procurados, as empresas em evidência, as reservas cambiais, seguros, as moedas, enfim uma cobertura jornalística junto aos ministérios da Economia e da Infra-Estrutura, as autarquias (entidades autônomas, auxiliares da administração pública), além de bancos e financeiras.
O esporte constitui assunto de grande interesse, principalmente para eleitor masculino. Geralmente , a editoria de esporte mantém seus próprios repórteres e redatores, usando jargão próprio da especialização e da redação geral.
Os jornais apresentam ainda páginas dedicadas à ciência, ao cinema, ao teatro, aos programas de televisão, suplementos de livros e até trabalhos manuais, fora a cobertura de fatos ligados às religiões, a fim de manter o leitor bem informado sobre todas as atividades humanas. Sem falar nos colunistas e cronistas de assuntos variados, inseridos em qualquer página, mas que atraem os leitores.
O jornalismo é uma atividade profissional que tem por objetivo a apuração, o processamento e a transmissão periódica de informações da atualidade, para o grande público, ou para determinados segmentos desse público, através de difusão coletiva.
Sendo assim, o jornal informa, atualiza, lança idéias e abre espaço para julgamentos, com objetivo de preparar o leitor para compreender o mundo em que vive, tendo como funções:
; Informar através de seu noticiário;
; Interpretar, as informações, por meio de editorial ou de artigos;
; Oferecer entretenimento, estimulando o leitor, distraindo-o , com histórias, humorismo, charges, cartoons, desenhos, etc;
; Publicar anúncios, fornecendo informações quanto a mercadorias em circulação e serviços à venda.
1>Atividades do jornalistaNo Brasil, a profissão, de nível superior, é regulamentada pelo Dec. Lei 972, de 17 de outubro de 1969 e pelo Decreto 65.912, de 19 de dezembro de 1969, e requer, para o seu exercício, registro no Ministério do Trabalho. De acordo com o Decreto as atividades do jornalista são:
Quando se fala em jornalista logo se pensa em repórteres ou editores. Mas não é só dessas funções que vive a profissão. Eis algumas:
Arquivista-Pesquisador - aquele que organiza e conserva, cultural e tecnicamente, o arquivo redacional, procedendo à pesquisa dos respectivos dados para a elaboração de notícias;
Colunista – jornalista ou escritor que redige e/ou assina uma coluna em jornal ou revista, conforme o assunto e gênero de sua coluna. O colunista pode ser um crítico, comentarista ou cronista. Geralmente, as colunas especializadas são entregues a profissionais de outras áreas: médicos, juristas, economistas e astrólogos;
Copidesque – corpo de redatores que trabalha sobre as matérias para dar texto a filosofia redacional da empresa promovendo correção e aperfeiçoamento do texto a ser publicado;
Cronista - é o meio termo entre o jornalista e o escritor. Do primeiro aproveita o interesse pela atualidade informativa, do segundo retira o manuseio das palavras, frases e versos, ultrapassando os simples fatos que compõem a notícia. O texto do cronista é desenvolvido de forma livre e pessoal, a partir de fatos atuais, com o teor político, esportivo, artístico, literário ou de amenidades;
Diagramador – aquele que planeja e executa a distribuição gráfica das matérias, fotografias e ilustrações jornalísticas para fins de publicação;
Editor – encarregado de orientar uma seção do jornal. Conforme os acontecimentos, podem surgir editoriais novas.
Editorialista – jornalista responsável pelo editorial, texto opinativo, escrito de maneira impessoal e publicado sem assinatura, sobre assuntos ou acontecimentos locais, nacionais ou internacionais de maior relevância;
Ilustrador – pessoa responsável pela criação e execução de desenhos artísticos ou técnicos de caráter jornalístico;
Noticiarista – quem redige matéria informativa, mas sem apreciação ou comentário;
Redator – aquele que escreve desde notícias comuns editoriais, crônicas ou comentários;
Repórter – pessoa encarregada de colher a notícia ou informação, preparando-as para a divulgação;
Repórter do Setor – aquele que possui o encargo de colher notícias ou informações sobre assuntos predeterminados, preparando-os para a divulgação;
Repórter Fotográfico – jornalista responsável pelo registro de imagens fotográficas de quaisquer fatos ou assuntos de interesse jornalístico;
Revisor – pessoa responsável pela revisão das laudas originais e provas fotográficas de matérias jornalísticas e outros textos a serem publicados.
O leitor, meta principal
O leitor é a pessoa mais importante para o jornalista e, conseqüentemente, para o jornal. Para ele, foram inventados o lead, os manuais de redação, os títulos, tudo enfim. O leitor é alvo do jornalista.
Tipos de leitor
Por duas razões o leitor compra jornais e revistas: curiosidade e hábito. Ele quer a notícia para ficar atualizado, informado. No jornalismo, a conquista do leitor está na ordem direta de seu conhecimento, gosto e interesse por determinadas notícias. Dividem-se em três categorias: intelectual, prático e povão.
Intelectual – busca o estímulo mental do noticiário e nos artigos sobre assuntos de seu interesse.
Prático – sonha com êxito nos negócios e na profissão que escolheu. Quer notícias para se informar sobre seus objetivos.
Povão – quer saber por alto sobre o que está acontecendo na sua cidade, estado ou país, quase nada sobre o mundo.
Os leitores se interessam por notícias que destaquem o lado humano, científico, sobrenatural, competitivo, aventureiro, catastrófico, mórbido e subversivo dos fatos. A narração dessas matérias percorrem os medos, os sonhos, as odres, as ambições, as frustrações e a felicidade de cada dia. A vida é a fonte de inspiração permanente dos jornalistas e de seus fiéis seguidores.
Para fechar o tópico, que tal refletir sobre a frase: notícia de interesse público não confunde com notícia de interesse do público.
1>Instrumentos de trabalho do repórterTodo jornalista deve ter à mão para auxiliá-lo no trabalho que desenvolve, o seguinte material:
1) máquina de escrever ou microcomputador (acesso internet)
2) gravador (para ser utilizado nas entrevistas polêmicas)
3) caneta
4) bloco de anotações
5) manual de redação
6) catálogos de telefone
7) livro de endereços
8) agenda
9) dicionários
10) razoável biblioteca especializada (dicionários, manuais de redação, livros técnicos....)
Deve conhecer, de memória, os principais sinais de revisão de textos e o sistema de retranca usados no veículo. Conhecendo tais símbolos, as alterações nas matérias tornam mais fáceis a serem realizadas.
CAPÍTULO III
A organização da notícia
“A lente reflete o interior do sol. O coração contemplativo reflete as qualidades divinas”.
Inayat Khan
A notícia consiste no relato objetivo de fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e importância para a comunidade, capaz de ser compreendido pelo público. Segundo Celso Kelly, a matéria-prima do jornalismo não é a palavra e sim a notícia. É em busca da notícia que se desenvolve o jornalismo. Para Fraser Bond, “a notícia não é um acontecimento, ainda que assombroso, mas a narração desse acontecimento”.
A notícia existe em função do público, de e para leitor, e sua essência está determinada pelo interesse geral.
Para se desenvolver um bom produto jornalístico, é necessário um tratamento apropriado à notícia, envolvendo apuração, pesquisa, comparação, interpretação, seleção e uma redação adequada, de acordo com as normas do veículo. Tudo isso deve ser temperado com determinados atributos, como: veracidade, oportunidade, interesse humano, raridade, curiosidade, importância e proximidade para com a comunidade.
1>Qualidade da notíciaAs notícias devem apresentar elementos de interesse pessoal do leitor, tais como: relação com parentes, lugares próximos, amigos e conhecidos. De acordo com interesse esse raciocínio, a notícia de ser:
Nova – para atrair maior atenção;
Verdadeira – por questões de credibilidade, tanto do veículo como do jornalista;
Interessante – para atrair maior número de possível de leitores. Um seminário sobre tuberculose, por exemplo, só é de interesse para médicos, portadores da doença, os parentes e amigos. Não chama a atenção dos comerciantes ou de seus funcionários, do ponto de vista dos seus interesses. No entanto, no Brasil, uma vitória da Seleção Brasileira de Futebol, que chega às finais de um campeonato mundial, é de interesse para todos. Em jornalismo, interesse não é notícia em razão do leitor, mas o número de leitores que lêem em razão do interesse que ela desperta. Interesse que pode ser parcial (caso do seminário) e geral (caso da notícia sobre a seleção);
Importante – quando agrada ou flui sobre o comportamento de determinados grupos de leitores. Em termos de jornalismo, o que é importante para uma pessoa pode não ser para outra e vice-versa.
Do ponto de vista comercial, a notícia interessante vende mais que o jornal ou tem mais leitores porque atrai as massas, ao passo que a importante, geralmente, é dirigida a público específico. O jornalismo de hoje mostra uma grande tendência para segmentação do mercado.
As notícias publicadas nas páginas do jornal são a síntese que ele nos oferece dos acontecimentos diários. Representam a fixação, de maneira condensada, do que ocorre no mundo atualmente. O que caracteriza a redação notícia é justamente:
; sua objetividade
; sua concentração;
; seu imediatismo.
A boa notícia é o que se mantém fiel ao fato narrado, dando o máximo de informação em um mínimo de espaço.
Exemplo de nota informativa
1>Sanguinetti e GumercindoO Presidente do Uruguai Juan Maria Sanguinetti estará em Porto Alegre na próxima sextaa para autografar o livro A cabeça de Gumercindo Saraiva, de Tabajara Ruas e Elmar Bones. Além de ter escrito o prefácio, Sanguinetti é descendente do polêmico personagem central do livro, i, caudilho de fronteira que, em 1893, acabou se transformando num dos líderes da revolta federalista. Publicado pela Record e patrocinado pela Copesul, o livro terá uma edição especial de 600 exemplares em espanhol para ser distribuída no Uruguai.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 out 1997, idéias Livros, p.2.
1>Efeito estufa destruirá ilhas paradisíacasAs paradisíacas ilhas dos oceanos Índico e Pacífico estão correndo o sério risco de desaparecer caso o efeito estuda continue aumentando o planeta. O fato, que pode atingir, por exemplo, as ilhas do Caribe, foi divulgado durante conferência em Boom, na Alemanha. Caso o nível do mar aumente em três metros, as ilhas ficarão totalmente inundadas.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29 out. 1997 1º Caderno, p.12
1>Introdução ao Jornalismo Impressoa) Lide
A abertura de uma notícia, reportagem o qualquer texto informativo, onde se apresenta resumidamente o assunto ou se destaca o fato essencial, o clímax da história. Do inglês lead, que significa liderar, guiar, induzir, encabeçar. Diz-se também cabeça. Tradicionalmente o lide é sintetizado pela seguinte fórmula 3Q + POC = Quem, o Quê, Quando, Por quê, Onde e Como. O Manual de Redação Folha de São Paulo considera dois tipos básicos de lide: o noticioso, no qual devem ser respondidas as questões básicas da fórmula e o não factual, onde o mais importante é conduzir à leitura de todo o texto.
b) Sublide
É o complemento do lide, criação de imprensa brasileira no final da década de 40. Surgiu no Diário Carioca pelas mãos de Fernando Calazans e Pompeu Souza. O sublide é o segundo parágrafo do texto noticioso que detalha e acrescenta informações sobre a ação verbal em si. Ele complementa o lide quando as informações ultrapassam a cinco linhas (na medida da lauda padrão, de 0 a 72 toques). Foi criado para a língua portuguesa, que é mais complexa que inglesa.
c) O esquema do lide
O Quê - o fato
Quem – personagem envolvidos no fato
Quando – o tempo (data e/ou horário)
Por que – o motivo que fez com que ocorresse o fato
Onde – local de ocorrência do fato
Como – de que modo aconteceu
Exemplo de lide, com titulações e formas intermediárias
Crise nas bolsas (antetítulo)
Novo outubro negro dos pregões (título)
Queda em Hong Kong provoca quarta maior baixa em produtos (subtítulo)
SÃO PAULO – A crise na bolsa de Hong Kong que fechou em baixa de 5,79, e queda de 554 pontos na Bolsa de Nova Iorque, a maior da história em pontos foram os responsáveis pelo tombo das bolsas brasileiras. O pregão fluminense fechou dom –13,9, e o paulista, com –14,97, a maior queda dos últimos anos e a quarta da história. As ações preferenciais (sem direito a voto) da Telebrás encerraram com baixas de 17,5, no Rio, e de 16,9, em São Paulo. Só na bolsa paulista, estimam-se em mais de R$ 300 milhões os prejuízos de ontem.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 de out. de1997, Economia, p.13
a) Pirâmide normal
Os fatos da notícia estão dispostos na ordem cronológica dos acontecimentos, ou seja, com início, meio e fim.
b) Pirâmide invertida
Técnica de relação na qual os fatos principais encabeçam o texto; em seguida, vêm os fatos de importância intermediária. O final do texto (o pé da matéria) contém informações menos importantes para o entendimento da notícia. A idéia é levar ao leitor as informações básicas logo no início. Para o jornalista, fica a certeza de que, em caso de necessidade de enxugar (reduzir) o texto, a parte final pode ser eliminada sem prejudicar o conteúdo.
Exemplo de texto para o caderno de entretenimento
1>O cotidiano em cores exuberantesPor conta de um trabalho de programação visual criado para lojas de utilitários domésticos, ela ingressou na arte pintando o ambiente caseiro, exaltando a plasticidade de um vaso de flor de uma mesa de cozinha em telas coloridíssimas e bem humoradas. Valendo-se das mesmas cores exuberantes que se tornaram sua marca registrada, a pintora Adriana Tavares não saiu do cotidiano, mas voltou seus pincéis para cenas mais urbanas. Na exposição que ela apresenta no Felice Caffé, há bicicletas, carros e outros objetos – às vezes captados apenas em detalhes – que fazem parte do lado de fora da casa que ela se acostumou a pintar.
Mais ainda há um resquício da fase doméstica nesta mostra, uns vasos de folores – lembra Adriana-. Só que meu foco de interesse passou a ser menos o ambiente e mais o objeto.
Como o imenso pião que aparece em cores fortes numa das 14 telas da mostra, e que tanto lembra a casa com as brincadeiras de rua.
MILLEN, Mánya. O cotidfiano em cores exuberantes. O Globo, Rio de Janeiro, 24 de out. 1997, Rio Show, p.9.
1>Tipos de notíciasClassificação quanto à ocorrência:
previstas – o jornalista sabe que irão ocorrer, por isso pode montar previamente o esquema de cobertura (trabalho de apuração)
imprevistas - são os acontecimentos que ocorrem sem que ninguém passa prevê-los. Desastres e acidentes como um terremoto ou queda de um avião envolvidos já conseguem prever alguns desses abalos!
mistas – quando o repórter sai para cobrir um fato previsto e, no meio desse acontecimento, ocorre um fato imprevisto.
Exemplo: um setorista encarregado de cobrir a rotina da Câmara Municipal presencia a troca de tiros entre vereadores, durante uma sessão plenária.
suíte – é a seqüência que se dá a uma notícia ou reportagem, nas edições seguintes do veículo. É o desenrolar dos fatos.
1>Classificação quanto à oportunidadequentes – são as notícias que devem ser divulgadas imediatamente;
frias – podem aguardar algum tempo a publicação, também conhecidas como features;
classificação - quanto ao local de ocorrência
locais – referem-se aos fatos que ocorrem na cidade onde se edita o noticiário
regionais – correspondem aos fatos ocorridos no estado onde se edita o noticiário.
nacionais – notícias do país do veículo que edita matérias
internacionais – dizem respeito a fatos que acontecem em qualquer lugar do mundo e que, dependendo do assunto podem despertar o interesse do leitor.
A pauta
“Não digais: encontrei a verdade. Dizei de preferência: encontrei uma verdade".
Gibran Khalil Gibran
Em termos jornalísticos, a pauta pode ser agendada ou roteiro dos principais assuntos a serem noticiados em uma edição de jornal ou revista, programa de rádio ou TV.
Identifica-se, também, como pauta o planejamento esquemático dos ângulos a serem focalizados numa reportagem, com um resumo dos assuntos no caso de suíte e a indicação ou sugestão de como o tema deve ser tratado.
Podem estar contidos numa pauta, além do resumo do assunto, o tratamento que deve ser dado a matéria, uma sugestão de lead, perguntas para entrevistados, nomes, endereços e telefoness de prováveis informantes.
Exemplos de pauta
Não há como dissociar a pauta da chefia de reportagem em particular e dos repórteres em geral. A chefia e a reportagem também abastecem pauteiro ou sua equipe, informando sobre a seqüência de fatos que são apurados, o que nem sempre é publicado nas matérias.
Fazenda mineira
Sugestão de pauta do editor (Jornal “Folha do Professor”, veículo do Sindicato da categoria).
Que tal fazermos uma matéria sobre a atual situação da Fazenda Mineira? O enfoque deve ser a valorização do espaço ecológico, o lazer e as reformas realizadas no local.
É o tipo de matéria para cima, mostrando para a categoria o investimento na sede campestre. A matéria deve ter uma cobertura fotográfica de primeira, para que possamos passar ao leitor as boas coisas da Fazenda. Sugiro que a cobertura fotográfica seja feita pelo fotógrafo Luciano Alves, pois ele tem o melhor preço da praça, além de já estar acostumado a trabalhar com a gente.
A matéria deve ser feita num final de semana. Teremos algum evento de fim de ano por lá? Seria uma boa aproveitarmos a oportunidade.
1>Roubo do aparelho de vídeo(Pauta para o jornal “Muralha da Facha”)
Roubaram o aparelho de vídeo da sala 24. Até agora, o fato ainda é um mistério. Vamos partir para o jornalismo investigativo e tentar desvendar a história. Apure junto à Coordenação (Regina, Eliana ou Teresa) o que for possível. Coisas do tipo: que dia, horário, última aula antes do roubo, quem descobriu o sumiço do aparelho e por aí.
Entrevista com os alunos que assistem aula na sala 24 também é uma boa. Perguntas do tipo: algum suspeito em vista, o que eles acham do feito, qual a punição para o larápio, se elas sabem de outros frutos e mais qualquer pergunta que lhe surgir no processo da matéria.
1>Professora assaltada(Pauta para o Muralha)
A professora Nice, de lingüística, foi assaltada perto da Facha. Segundo informações que chegaram à redação Nice foi abordada perto do viaduto.Parece que o ladrão levou R$ 70. Nice travou um diálogo com o marginal (isso é gancho da matéria) e parece que saiu lucrando na história. Apure tudo com a professora.
1>O carnaval e os músicos(Pauta elaborada pelo jornalista Luciano de Moraes para o Jornal do Brasil)
Vamos ouvir o Sindicato dos Músicos: vai impetrar mesmo mandado de segurança para impedir o desfile das escolas? Por que a Riotur não paga os direitos autorais há três anos? Qual o total das dívidas?
E vamos ouvir a Riotur: qual o motivo do calote? E se sair mesmo uma liminar do tal mandado de segurança?
1>A reportagemReportagem é o conjunto das providências necessárias à confecção de uma notícia jornalística: cobertura, apuração, seleção de dados, interpretação e tratamento, dentro de determinadas técnicas e registros de articulação do texto jornalístico informativo.
A reportagem apresenta um ponto de vista narrativo. Nela, o repórter conta o que aconteceu, muitas vezes, envolvendo sua observação dos eventos. Embora busque a objetividade, como notícia, a reportagem estabelece caminho para uma narração mais extensiva, aproximando-se de formas literárias como as de novela ou romancee moderno.
1>A palavra pode ser ferramenta 1>LerAlém do sentido estrito (ler livros), fazer uma leitura do mundo, ter percepção do que acontece no planeta que habitamos. Ler/perceber um buraco na rua, por exemplo.
1>PensarSobre o que pode acontecer devido à existência desse buraco.
1>ImaginarAs conseqüências desse problema, como: gente se ferindo, carros caindo...
1>CriarA pauta da matéria , entrevistar moradores, colher as histórias relacionadas com o buraco e o perigo que ele representa. Contribuir com essa matéria para que providências sejam tomadas, beneficiando a comunidade.
O importante é desenvolver a percepção, ficar ligado no que ocorre ao redor, treinar os sentidos (audição, visão) e aprender a separar o fato comum da notícia.
1>Entrevista, o processo dialogalSignifica o encontro com alguém. Finalidade: interrogar sobre as idéias. Conjunto das declarações com autorização implícita ou formal para publicação. O entrevistado é quase sempre pessoa de destaque, permanente ou circunstancial.
A entrevista é um instrumento de pesquisa que visa à apuração de determinados dados ou opiniões através de um processo dialogal. Tem como objetivo levantar informações de interesse para o público.
1>CategoriasPode ser aberta ou pré-formulada, quando o informante é solicitado a se pronunciar sobre uma seqüência de quesitos previamente elaborados. No primeiro caso, a fonte é convidada a discorrer espontaneamente sobre as questões.
Pode ser individual ou coletiva. Na última, vários jornalistas podem formular questões ao entrevistados, num mesmo momento.
1>ModalidadeNoticiosa: quando o entrevistado tem informação importante a dar e é interrogado exclusivamente sobre ela.
Opinativa: solicitada a especialistas sobre um tema em debate.
Entretenimento: quando o entrevistado se dispõe a abrir o jogo, exteriorizar seus gostos, anseios, preferências e opiniões sempre com ligação ao hoje.
1>Exigências técnicasConhecimento do assunto
Confiança e simpatia
Saber escutar
Uma pergunta de cada vez
Anotações e o gravador
1>Perguntar é precisoPerguntar sempre. Perguntar uma, duas, três, dez vezes, até que se obtenha a resposta, ou até que a resposta obtida faça sentido. A curiosidade e a insistência podem ser defeitos em muitos casos e profissões, mas são importantes pra o repórter, pois fazem parte do seu ciclo. Nenhum repórter deve temer que o achem chato por ser curioso. Também não deve hesitar diante de uma pergunta que se possa parecer banal ou mesmo ingênua. Muitas manchetes saíram de respostas a perguntas aparentemente bobas.
Pergunte, insista se a resposta não convencer . Procure quem fez, onde fez, quando fez, como fez e por que fez. Descobre, multiplique, esmiúce cada uma dessas perguntas. Tenha faro, cave o mais profundo que puder e não comente o erro de se contentar com a primeira história que lhe contarem. Cheque-a. Ouça, com atenção, todas as pessoas envolvidas. Ouça quem fala e de quem se fala.
Redigir a notícia não é nenhum bicho de sete cabeças. Se você tiver usado o gravador é só transcrever a fita e depois pentear (arrumar o texto, cortando aquilo que não interessa ao leitor).
Se tiver feito uma apuração meticulosa, você terá dados suficientes para tornar rica a sua matéria.
Mas, se possível, não dependa apenas do gravador, ele pode falhar e você terá perdido tudo que foi dito. O melhor é anotar, de forma rápida e abreviada, tudo o que for interessante, pois é bem trabalhoso tirar a entrevista gravada e passa-la para a forma gráfica.
A importância de saber escutar
O profissional de jornalismo inicia seu percurso geralmente na apuração. A informação bem apurada facilita o trabalho da redação, por isso é importante saber escutar. Através da escuta, o jornalista terá o material necessário para redigir. Ele poderá melhorar sua pauta com perguntas geradas pelas informações prestadas pelo entrevistado e decidir se existem outras partes envolvidas que necessitam ser ouvidas. Isso garantirá uma boa matéria.
CAPÍTULO IV
Redação de jornal para todos
“As palavras são utilizadas para expressar idéias; mas quando se apoderam das idéias , os homens esquecem as palavras”.
Chuang Tse
Mais do que qualquer outra profissão, o jornalista depende de sua capacidade de comunicação. Ele deve ser capaz de expressar idéias por escrito de forma rápida, clara e convincente.
Um bom texto significa pensamento claro e muito trabalho. Embora algumas pessoas sintam mais facilidade para redigir que outras, mesmo o José Loureirro, o Fernando Gabeira, o Carlos Eduardo Novaes, ou qualquer outro profissional com excelente texto tem que suar muito para fazer o seu trabalho.
Pensamento claro
Quem pensa de maneira ordenada, lógica, com certeza redige melhor. Não se deve iniciar um texto sem ter clareza – e certeza – do que se quer comunicar. Sem isto nem mesmo um Prêmio Nobel de Literatura será capaz de se fazer por seus leitores.
Tudo é uma questão de sensibilidade. O primeiro passo é a seleção das idéias. Deve-se pôr no papel os pontos, tópicos e aspectos que se pretende abordar. A auto-censura está proibida. Uma lista extensa e abrangente ajuda bastante. Terminada a listagem, aí sim, convém ser enérgico: é bom eliminar tudo que é desnecessário, repetitivo, supérfluo.
Selecionado o material indispensável à construção do texto, inicia-se o processo de ordenação, observando-se a idéia central, os argumentos e a conclusão. O enfoque deve ser de acordo com o leitor a ser atingido, coerente com a capacidade intelectual e necessária. Cada assunto deve ser escrito conforme o meio de transmissão – rádio, TV, revista, jornal etc.
O processo de redação
A palavra escrita, de origem latina, significa representar palavras ou idéias por meio de sinais. Já redigir significa escrever com ordem e método.
Para conquistar o leitor de jornal deve-se produzir um bom parágrafo. É a história do lead: o que, quem ,quando, onde o texto e por quê? O parágrafo inicial deve resumir todo o texto que virá a seguir. Ele orienta o jornalista e seu leitor – sobre a idéia básica e detalhes que serão expostos na matéria.
Deve-se evitar usar mais de três linhas (de 0 a 72 batidas) por frase. Convém manter a média de oito linhas por parágrafo. Isto facilita a leitura e o entendimento do texto.
Não se deve enganar o leitor. É bom ir direto ao assunto. Os verbos devem ter ação. Neste caso, evita-se a voz passiva. Quanto mais direto o texto, mais chance ele tem de ser lido e compreendido. Palavras simples e corriqueiras são sempre bem-vindas. O leitor se sente melhor (mais seguro) ao lidar com conceitos comuns. Devem-se evitar expressões do tipo: analisar em profundidade (analisar é melhor), consenso de opinião (consenso), no presente momento (agora), nem poderia deixar de ser (é), enlace nupcial (casamento).
Palavras como genitora (mãe), campo santo (cemitério), precioso líquido (água), via pública (rua), não podem fazer parte de um texto de jornal.
O texto em tom de conversa cai bem. É recomendável que se escreva melhor do que se fala, para eliminar pausas, repetições de palavras, excesso de conjunções, adjetivos e pronomes. Convém, também, reler o trabalho, após a datilografia final, em voz alta para retirar o que não soar bem.
O bom autor impõe personalidade ao texto. Para isso, vocabulário e pontuação são duas armas poderosas. Trabalhando com o coração, o autor põe sentimento na ação.
A importância do visual
Continua na parte dois do twitter malexandre58.