Vergonha alheia. Esse foi o sentimento que os médicos brasileiros que vaiaram os 96 médicos estrangeiros ao desembarcarem no Brasil despertaram em milhares de pessoas. Os nossos conterrâneos não só se recusaram a trabalhar nos lugares mais longínquos e pobres do país, para onde estão indo esses profissionais, como protagonizaram uma cena recheada de preconceitos ao chamar os colegas de profissão de escravos. Qual a intenção dos médicos brasileiros que preferem o grande centro para trabalhar e ter seus consultórios, ao negarem a outros profissionais, talvez mais conscientes e éticos, o direito e porque não dizer, vontade, de trabalhar para um povo pobre, desvalido e esquecido pelas autoridades? Será que eles se esqueceram do juramento de Hipócrates que fizeram ao se formar em medicina? Entre muitas outras coisas esses profissionais juraram solenemente consagrar a vida a serviço da medicina. Praticar a profissão com consciência e dignidade. Tratar os colegas como irmãos. Manter o mais alto respeito pela vida humana e não permitir que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre o dever e os pacientes. Pois é... O Programa Mais Médicos pode não resolver os problemas da saúde pública no Brasil, mas já é um passo para sair da zona do pouco caso se encontram as autoridades. Que venham mais médicos: cubanos, portugueses, porto riquinhos, espanhóis e até os brasileiros. Que venham profissionais que pratiquem a medicina com caráter, ética, amor e sem preconceitos.