Entrevista com Daniel Tygel, da Eita.
O Instituto Mais Democracia (IMD) e a Cooperativa Educação, Informação e Tecnologia para a Autogestão (Eita) desenvolveram o Ranking Proprietários do Brasil. Esse sistema de informações permite medir o poder econômico, ou seja, o controle que uma empresa tem sobre outras.
Isso é feito a partir da análise de propriedade de ações na Bolsa de Valores. Essa é uma informação diferente da divulgada por jornais, com listas baseadas no faturamento de uma empresa ao ano.
Com o mapeamento, lançado em dezembro, é possível perceber com clareza, por exemplo, a capacidade de uma pessoa, empresa ou grupo econômico de influenciar os investimentos do Estado brasileiro. Ao expor estes atores, o ranking busca contribuir com a democratização da economia.
Também é objetivo dar mais transparência à relação entre Estado e mercado. O projeto evidencia ainda que, muitas vezes, os “proprietários do Brasil” são responsáveis por violações de direitos e danos socioambientais no país.
Além disso, o ranking deve ser uma boa ferramenta as ações da sociedade civil. No campo da comunicação, em que organizações e movimentos lutam pela democratização da mídia, os dados revelam a concentração do setor. O projeto mostra que a Telefônica é o grupo mais poderoso do país.
Agora, os pesquisadores pretendem se debruçar sobre grupos que estão fora da Bolsa de Valores, a fim de revelar relações de poder da Globo, da Record, entre outras corporações de variados setores. Mas, para continuar com este trabalho, as entidades precisam capitar recursos.
A campanha “Quem são Proprietários do Brasil?” está na plataforma Catarse até o próximo 5 abril. A ideia de receber doações de indivíduos e organizações pela internet é justamente a de manter a independência do projeto. (pulsar)