Comunicação comunitária, rádios comunitárias, democratização da mídia. Em meio ao cenário atual, de propagação de ódio, desinformação e notícias falsas, o debate sobre a comunicação precisa estar na ordem do dia para se pensar democracia. Para entender melhor o que vivemos agora e o que pode vir em um futuro próximo no Brasil quando o assunto é comunicação, a Pulsar Brasil conversou com João Paulo Malerba, pesquisador e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e membro da Amarc Brasil (Associação Mundial de Rádios Comunitárias).
Para Malerba, os ataques sistemáticos contra os direitos humanos e os movimentos sociais também têm como alvo as rádios comunitárias, como foi o caso da Rádio Comunitária Gurupá, no Pará, atacada no início do mês. Depois de 20 anos de uma lei restritiva, a mais restritiva da América do Sul, ele lembra que foi aprovado no Senado um projeto de lei que aumenta a potência e o número de outorgas. O problema é que o STF (Superior Tribunal Federal) derrubou a proibição de proselitismo nas rádios, ou seja, o risco de descaracterização das rádios comunitárias e o aparelhamento político e religioso é cada vez maior.
O professor fala ainda sobre a importância da pauta da democratização da comunicação continuar ativa, apesar das dificuldades e do interesse direto de parlamentares de barrar esse avanço.
Sobre a relação do crescimento da extrema direita com os meios de comunicação, João Paulo Malerba defende que tão importante quanto elucidar a influência das redes sociais é também essencial pensar o papel da mídia hegemônica nesse processo e a constante criminalização dos movimentos sociais. (pulsar)