O depoimento de um dos sobreviventes da chacina dos dez trabalhadores rurais para o Ministério Público trouxe novos elementos que reforçam a tese de execução das vítimas. O crime ocorreu na última quarta-feira (24), na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, no sudeste do Pará.
De acordo com o sobrevivente, os trabalhadores montaram um abrigo onde estavam cerca de 25 pessoas. Segundo ele, a polícia apareceu repentinamente gritando ‘não corre, senão morre’. Neste momento, as pessoas começaram a correr e a polícia começou a atirar. A testemunha afirma ainda que escutou os policiais dizendo a uma das vítimas, antes de atirar: ‘olha o que a gente faz com bandido’.
A história apresentada pela testemunha contesta a versão da Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup). O órgão afirma que os policiais agiram em legítima defesa, pois foram recebidos à tiros pelos trabalhadores.
A gravidade da chacina do Pará mobilizou entidades da sociedade civil e órgãos públicos como o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF). Darci Frigo é presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e está acompanhando de perto a investigação do caso.
À Pulsar Brasil, Frigo destacou que a chacina ocorrida na Fazenda Santa Lucia é uma das mais graves situações de violência nos últimos 20 anos. O presidente do CNDH ressaltou que depois de Eldorado dos Carajás, esse é o caso mais violento envolvendo agentes públicos.
Frigo também defendeu a presença da Polícia Federal para comandar as investigações e evitar que o caso permaneça impune. Além disso, o também coordenador do Terra de Direitos apontou as denúncias de corrupção dos policiais locais que se colocam à serviço dos latifundiários. Para Frigo, a paralisação das políticas públicas voltadas para o campo faz com que casos como este da Fazenda Santa Lúcia e dos ataques aos indígenas Gamela se torne cada vez mais frequente.
A Secretaria de Segurança do Pará afastou 21 policiais militares e oito civis. Todos os envolvidos na operação para cumprir dezesseis mandados de prisão e busca e apreensão como parte de uma investigação que apura a morte de um segurança da fazenda ocorrida no dia 30 de abril vão responder inquéritos policiais. (pulsar)