Os conflitos agrários no Brasil têm atingido níveis cada vez mais graves. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que em 2016 ocorreram 61 assassinatos no campo, isso significa um aumento de 22 por cento em relação ao ano anterior. Com o intuito de visibilizar a violência sem medida que assola a zona rural brasileira, a CPT criou uma página na internet que torna público os registros de massacre no campo ocorridos nos últimos 32 anos no Brasil.
No site do projeto é possível acompanhar por uma linha do tempo todos os 45 casos que, ao longo desses anos, vitimizaram 214 pessoas em nove estados brasileiros. O estado do Pará lidera o ranking de mortes, concentrando 22 massacres de 1985 até 2017. Segundo Paulo César Moreira, da coordenação geral da CPT, o estado tem uma alta concentração de terras que hoje está voltada para a especulação e para o agronegócio, agravando ainda mais a violência na região. Moreira lembra ainda o massacre do Pau D´Arco, no sul do Pará, que ocorreu em maio deste ano durante uma incursão policial que matou dez trabalhadores rurais.
A metodologia da Pastoral da Terra considera massacre, quando três ou mais pessoas foram mortas. Para Moreira, o número de assassinatos no campo tem crescido devido ao esvaziamento das políticas sociais no campo e a parcialidade da Justiça que tem agido em prol dos interesses da classe dominante. Segundo ele, a Comissão Pastoral da Terra contabilizou até o momento 52 assassinatos em 2017. O coordenador da CPT afirma ainda para a Pulsar que o Estado tem atuado contra a população rural e é essencial a mobilização da sociedade para permitir que o Estado Democrático de Direito seja restabelecido. (pulsar)