Em tempos de ódio e violência, retrocessos e risco de perda de direitos, a liberdade de expressão segue ameaçada. Na madrugada da última quarta-feira (10), uma ação criminosa incendiou e destruiu a Rádio Comunitária Educadora de Gurupá FM, 87,9Mhz, na região da Ilha do Marajó, no Pará. A rádio era o único meio de comunicação da comunidade local.
O município de Gurupá está a cerca de 348 quilômetros da capital Belém do Pará. E há mais de 20 anos, a pequena cidade do interior paraense, com aproximadamente 32 mil habitantes, passou a contar com o serviço de comunicação comunitária da rádio, que possui concessão.
Uma rádio legitimamente comunitária que presta a seus ouvintes um serviço de interesse público, com muita informação regional, além de inúmeros serviços em sua programação que auxiliam na organização da vida pública municipal.
De acordo com Francidalva Pena, sócia contribuinte e ex-diretora, não é a primeira vez que a rádio é atacada. Ela conta que a comunidade está triste e revoltada com o ocorrido.
Segundo o atual diretor da Rádio Comunitária Educadora de Gurupá, José Reinaldo Rodrigues dos Santos, já está sendo convocado um ato no próximo sábado (14) em defesa da rádio e para cobrar justiça. Ele pede o apoio da sociedade e do poder público para garantir que a rádio, que ficou totalmente destruída, volte a funcionar.
A Amarc Brasil (Associação Mundial de Rádios Comunitárias) repudia veementemente esse tipo de ataque contra a liberdade de expressão e o direito à comunicação. Para Lígia Apel, conselheira da Amarc, a comunicação comunitária é a grande responsável por dar espaço às vozes locais e precisa continuar sendo espaço de luta e resistência. (pulsar)