De Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o professor Dr. Lionel Segui Gonçalves conquistou renome ao redor do globo ao se especializar em abelhas. Professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), o geneticista não traz boas notícias. Há mais de 10 anos as abelhas têm desaparecido em diversos países do mundo. E qual o principal culpado? Segundo o especialista, o uso indiscriminado de agrotóxicos.
Gonçalves criou, em 2013, a campanha Bee or not to be (Sem Abelhas, Sem Alimento). Em tradução mais próxima da literal, “Ter abelhas ou não ser”. A campanha divulga a importância das abelhas para a sobrevivência da agricultura e da alimentação em todo o mundo. O professor explica que as diversas agressões ao meio ambiente estão relacionadas à chamada Colony Colapse Disorder(CDC), algo como Transtorno do Colapso das Colônias.
São várias as causas para o desaparecimento e a morte das abelhas: desmatamentos, variações climáticas e agentes patogênicos (vírus, bactérias, ácaros), entre outros. Mas é o uso dos pesticidas, explica o pesquisador, o principal causador da CDC. Os agrotóxicos que possuem nicotina em suas fórmulas – os neonicotinoides – bloqueiam as comunicações entre as células do sistema nervoso dos insetos, as sinapses.
Assim, quando elas saem em busca e néctar e pólen e se contaminam com esses agrotóxicos, têm um bloqueio no cérebro que causa amnésia. Segundo Gonçalves, a abelha esquece do local de onde veio e acaba se perdendo na natureza, desaparecendo. É a chamada síndrome do desaparecimento.
O Nordeste responde por um terço de toda a produção apícola do país. É lá, também,de acordo com o professor, que se encontra a situação mais crítica para a existência das abelhas. Além das agressões ao meio ambiente, o semiárido da região sofre com a falta de investimento em tecnologias menos agressivas. Uma das alternativas é o uso de colmeias sob a proteção de vegetações, para evitar as insolações e fornecer água potável. Há também técnicas de manejo apropriadas ao clima da região, para melhor conforto das abelhas e dos apicultores. (pulsar/de olho nos ruralistas)