O número de pessoas deslocadas em todo o mundo devido a eventos relacionados à mudança climática continua subindo, destacaram os representantes da ONU durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 23), que ocorre até o próximo dia 17 em Bonn, Alemanha.
De acordo com números divulgados pelo Conselho Norueguês para Refugiados, entre 2008 e 2016 o número de deslocamentos anuais relacionados a desastres naturais chegou a mais de 25 milhões de pessoas em média. Por conta disto, as Nações Unidas e seus parceiros estão trabalhando em abordagens regionais para responder à questão dos “refugiados do clima”.
O embaixador José Antonio Marcondes, negociador-chefe da delegação brasileira na COP 23, contou à ONU News que o Brasil tem feito para cumprir o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas. Segundo ele, o país tem trabalhado para a redução dos gases de efeito estufa e das emissões brasileiras e aumentado a capacidade de gerar eletricidade de forma renovável.
A questão da “mobilidade humana e mudança climática” inclusive foi tema de uma coletiva de imprensa na COP 23. Falando a jornalistas, a gerente de programas humanitários da ONG Oxfam na República Dominicana, Camila Minerva, afirmou que apenas nesta temporada de furacões, 1 milhão e 700 mil pessoas em Cuba foram deslocadas de seus lares, o equivalente a 15 por cento da população.
A especialista em Migração, Meio Ambiente e Mudança Climática da Agência da ONU para Migrações (OIM), Mariam Traore,citou uma pesquisa feita em Bangladesh no passado, segundo a qual “40 por cento dos entrevistados disseram que a mudança climática contribuiu diretamente para a sua decisão de migrar”.
Neste contexto, já foi sugerida por alguns a criação de um status de “refugiados do clima”, protegendo pessoas forçadas a fugir de seus países devido ao impacto da mudança climática. Marine Franck, da Divisão de Proteção Internacional da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), afirmou que o status legal de refugiados é fornecido pela Convenção de 1951, “que é muito claro sobre em que [base este é conferido], que é basicamente a perseguição”.
Ela lembrou que em 2011, Estados sugeriram ao Acnur criar um novo status para refugiados para pessoas deslocadas devido à mudança climática, mas que “alguns países não estavam prontos para isto”. Marine ressaltou que a questão de ampliar o escopo da proteção de refugiados “não é necessariamente desejável” devido ao risco de um impacto negativo sobre os deslocados fugindo de perseguição e conflitos violentos. (pulsar)
*Informação da Agência Brasil