Na terceira reportagem especial sobre o Golpe de 64, a Pulsar Brasil resgata as músicas que cantaram contra, mas principalmente a favor da ditadura. O historiador Gustavo Alonso, que possui trabalhos ligados ao estudo da música brasileira, coloca em pauta uma questão que nem sempre é lembrada: a Música Popular Brasileira, além de estratégias para burlar a censura às letras combativas, também cantou e exaltou o regime.
O historiador cita ainda a música sertaneja, sempre rotulada como apoiadora do governo militar, mas que também teve suas dissidências. Vinda de camadas mais populares da sociedade, a resistência na música sertaneja retratava as dificuldades vividas pelos camponeses e operários, e a necessidade de uma reforma agrária.
Para Gustavo, há uma corrente de pensamento que subestima a capacidade das camadas populares de também criticar. Segundo ele, as revoltas pontuais no gênero sertanejo quebram o mito de alienação que com frequência atinge os mais pobres e afirma os pólos de microrresistência fora da MPB.