Diante da onda de manifestações espalhadas pelo país, Dilma Rousseff propôs a realização de um plebiscito sobre Reforma Política. Em questão, o próprio sistema de democracia representativa.
Wadih Damous, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, avalia que existe “uma série de elementos da cidadania que hoje não está sendo contemplada”. Ele estará a frente do comitê de mobilização pela reforma política que a entidade acaba de criar no Rio de Janeiro.
Damous destaca que os protestos colocam o “dedo na ferida” e demonstram uma “crise da democracia representativa”, que limita a participação ao voto. Entre os principais pontos de mudança necessários destaca: o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais; a revisão das “legendas partidárias de aluguel”; e o aumento de espaços de decisão popular direta a fim de “radicalizar a democracia”.
O jurista classifica as mobilizações pelo país como vigorosas. No entanto, demonstra preocupação diante da intolerância e da violência sofridas pelos partidos políticos de esquerda que compõem as manifestações. Defende que a "forma partido como instrumento democrático não está superada", mas precisa sim se aperfeiçoar. E explica que a posição nas ruas pelo "não-partido" fortalece grupos autoritários.
Em entrevista à Pulsar Brasil, Damous fala ainda sobre a violência da polícia militar, que promoveu repressão aos protestos e é uma constante “algoz das populações pobres, negras e faveladas”. Ele também critica a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, que “violam direitos humanos e ameaçam a soberania do país”.
Fonte: Pulsar Brasil.