A ONG Repórter Brasil lançou na tarde desta terça-feira (8), em Brasília, o relatório “Brasil Livre de Trabalho Infantil: o debate sobre as estratégias para eliminar a exploração de crianças e adolescentes”. O documento detalha a exploração de crianças e adolescentes no país e faz recomendações para erradicação da prática.
Segundo o Censo, em 2010 havia 3 milhões e 400 mil brasileiros de 10 a 17 anos trabalhando. O total caiu 13,4 desde 2000, mas a frequência entre a idade de 10 a 13 anos aumentou 1,5. De acordo com pesquisadores, o desafio é alcançar esse segmento, onde estão as piores formas de trabalho infantil.
O relatório aborda também dificuldades a serem enfrentadas na erradicação do trabalho infantil tanto no campo político quanto no campo cultural. Fernanda Sucupira , pesquisadora e jornalista da Repórter Brasil que integrou a elaboração do documento, explica que o principal entrave político apontado pelos especialistas se refere a falta de articulação de políticas públicas no combate ao trabalho infantil.
De acordo com Fernanda, existem apenas ações e programas dispersos que não são articulados o suficiente para atingir as metas que o Brasil assumiu frente a comunidade internacional: eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016 e a sua totalidade até 2020.
No entanto, a pesquisadora acredita que o entrave cultural para erradicação do trabalho escravo possa ser o mais difícil de enfrentar. Este se refere à aceitação cultural por parte da sociedade que, em muitos casos, defende que o trabalho afasta os jovens da marginalidade. De acordo com Fernanda, essa argumentação não considera os prejuízos que o trabalho infantil pode trazer ao desenvolvimento da criança ou adolescente.
O relatório também aponta para os riscos no contexto das grandes obras de infraestrutura em curso no país. Por isso, recomenda que uma série de medidas sejam tomadas pelo governo e pelas empresas envolvidas nos megaeventos esportivos como Copa de 2014 para impedir a exploração do trabalho infantil.
O lançamento do relatório aconteceu durante sessão da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, no Congresso Nacional, em Brasília. (pulsar)