Enquanto a agricultura empresarial visa maximizar lucros, a agricultura familiar não olha apenas para os rendimentos, mas para outros objetivos como segurança alimentar e o cuidado com o meio ambiente. Assim diferenciou Salomón Salcedo, representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) na América Latina e Caribe.
Ele alerta que, nos próximos 30 anos, a população chegará a 9 bilhões de pessoas, o que significa que será preciso aumentar a produção de alimentos de 60 a 70 e, em alguns países, em 100. Isso em meio às mudanças climáticas e a recursos limitados.
Diante dessa realidade, Salcedo lembra que a agricultura familiar se adapta melhor às crises. Por ter propriedades menores e plantações diversificadas, reage mais facilmente às mudanças provocadas pelo ambiente ou por pragas. Fato que não ocorre nas grandes propriedades, que geralmente são de monocultivo.
O representante da FAO manifestou ainda que os latifúndios não são os únicos que podem realizar atividades agrárias em escala, comprando insumos mais baratos. Garantiu que essa ideia “é um mito”, já que “tudo depende de como se usa os recursos eficientemente”. Salcedo afirma que a agricultura familiar é o eixo principal na eliminação da fome e da insegurança alimentar na América Latina.
Sobre a concentração de terras, ele aponta que a solução deste “complexo problema” depende que como se incrementa incentivos para fomentar um modelo de desenvolvimento agrário que se baseie na agricultura familiar e não nos latifúndios. Ele destacou que essas são “decisões internas da política” em cada país.
De acordo com a FAO, a agricultura familiar chega a representar mais de 60 da produção total de alimentos e mais de 70 do emprego no setor. No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ocupa apenas um quarto da área destinada à agropecuária. Ainda assim, é o trabalho de pequenos agricultores e agricultoras que garante cerca de 70 dos alimentos que chegam à mesa da população. (fonte:pulsar)