Relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostra que mais de 80 por cento do desflorestamento ocorrido no Brasil, entre 1990 a 2005, está associado à conversão de terras em terrenos de pastoreio para o cultivo de gado. O cultivo comercial foi responsável por cerca de 10 por cento do desflorestamento, segundo o órgão da ONU, e outros 10 por cento ficaram a cargo de outras formas de exploração da terra, cultivo em pequena escala, agricultura mista e infraestrutura.
A participação do pastoreio no desflorestamento é maior no Brasil, superando a de outros países da América Latina como Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela, Colômbia e Peru, também analisados pela FAO, de acordo com o estudo divulgado segunda-feira (18).
Na média dos sete países analisados, a demanda por pastos foi responsável por 71 por cento do desflorestamento. Na Argentina, por exemplo, a expansão dos pastos respondeu por 45 por cento do desflorestamento, enquanto a expansão de terras cultiváveis comerciais atingiu outros 43 por cento.
A expansão dos pastos causou a perda de ao menos um terço das florestas em seis dos países analisados. A exceção foi o Peru, onde o aumento das terras cultiváveis em pequena escala foi o fator dominante para 41 por cento do desflorestamento.
Apesar de o desflorestamento continuar em alta na região, em 2015 sua taxa se reduziu em quase 50 por cento quando comparada a 1990. Esta redução também foi significativa na Amazônia, fruto de políticas de desenvolvimento sustentável impulsionadas pelos países que dividem a bacia amazônica.
Segundo o documento da FAO, desde 1990 mais de 20 países melhoraram sua segurança alimentar e mantiveram ou aumentaram sua cobertura florestal, demonstrando que não é necessário cortar árvores para produzir mais alimentos.
Para evitar o avanço do desmatamento causado pela agricultura comercial, a FAO sugere que os governos vinculem a concessão de incentivos e mecanismos de fomento dado aos produtores ao cumprimento de normas ambientais e destaca iniciativa brasileira nesse sentido, que passou a vincular os subsídios ao crédito rural com critérios ambientais, evitando a perda de 270 mil hectares de florestas. (pulsar/rba)